Maria José Páris de Vasconcelos
Tu...
Caminha, olha, ri, sorri
e repentinamente vejo
toda a ternura que há dentro de ti
toda a afeição dada neste beijo.
Diz-me para eu ouvir e eu escuto
as tuas palavras tão atentamente,
como a música mais suave deste mundo
que me vão inebriar, eternamente...
Toco e então sinto e pressinto
a tua pele...
O Tempo
Passa, passa, passa a vida
Passa a vida num instante...
Passa o ódio e o amor
Passa o frio e o calor,
Passa a ausência e a presença
Passa a nossa existência.
Passa a noite, passa o dia,
Passa a realidade vazia,
Passa o sol e a escuridão
Passa a ofensa e o perdão,
Passa o século, passa o ano,
Passa...
Ribeira Antiga
Nas ruas estreitas, pequenas, sombrias,
Exalando cheiros a detergente e sabão
Onde os dias são noites e as noites são dias
Tal a miséria, fome e solidão.
Mulheres trabalhando incessantemente
Nas varandas há farrapos a secar,
Se chove lá fora penetra docemente
A chuva lá dentro para tudo...
Amar
Vejo em ti indeciões e sonhos
No poço profundo do olhar
Que são os mentores das utopias
Com reflexos de sol e vida a iluminar.
À conta com os limos da memória
Entranhado nas águas do presente
Abarco a grandeza dos teus olhos d'alma
Como um passar de vida, eternamente...
Palavras nem sequer são...
Rio Douro
Rio Douro... corre... corre...
Corre... core...
Para o mar.
Tantos campos,
Tantas vilas,
Tantas flores,
Tanta cheia e regadio,
Tantos desgostos e amores,
Corre... corre...
Neste rio
Corre... corre...
Devagar
Corre... corre...
Para o mar.
Tanta alegria,
Tanta água,
Tanta paixão,
Tanta mágoa,
Tanta...
Um pouco de Poesia
Ai! Se eu fosse uma pomba
Voaria...
Sobre o mundo inteiro,
Mas de nada adiantaria...
Sobre África, Ásia e Oceânia,
América, Europa, pairaria.
Ai! Se eu fosse uma pomba
Voaria...
Sobre o mundo inteiro
Mas de nada adiantaria...
Veria os homens montando máquinas de guerra
E as mulheres escravizadas lá...