À Beira-Mar

A tarde era doirada e cintilante,

O murmúrio da brisa, perfumado,

E do céu para a terra chamejante

Vinham bênçãos de amor purificado...

 

Na imensa amplidão, o azul do mar

Docemente espelhava o azul do céu;

Ao longe, uma barquinha ia a vogar,

A vela flutuando como um véu...

 

O Sol beijava as velas da barquinha

Num louco beijo, iluminado e quente...

E as velas da barca pobrezinha

Iam-se transformando em oiro ardente...

 

Seguiam-na meus olhos, enlevados

Pela fascinação da tarde linda,

E já longe, bem longe, enamorados,

Não se cansavam de a fitar ainda!

 

Depois desapar'ceu no Ocidente

E desprendeu-se dela o meu olhar...

Derradeira visão do Sol poente,

A vela - uma andorinha - a flutuar...