A minha Dor

A minha Dor é um convento ideal

Cheio de claustros, sombras, arcarias,

Aonde a pedra em convulsões sombris

Tem linhas dum requinte escultural.

 

Os sinos têm dobres de agonias

Ao gemer, comovidos, o seu mal...

E todos têm sons de funeral

Ao bater horas, no correr dos dias...

 

A minha Dor é um convento. Há lírios

Dum roxo macerado de martírios,

Tão belos como os nunca viu alguém!

 

Nesse triste convento aonde eu moro,

Noites e dias rezo e grito e choro,

E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...