Lá vão pairando no espaço
E estorcendo-se ao luar...
- Pobres almas doloridas!...
Pobres almas a penar!...
Expandem o sofrimento
Num gemer tão lancinante
Que se detém, temeroso,
O nocturno caminhante!
Umas, almas criminosas,
Num rugir exasperado
Vão sofrendo mil torturas,
Vão expiando o seu pecado.
Outras, pobres criancinhas
Pelas mães idolatradas
Choram porque ao seu carinho
Foram cedo arrebatadas.
Desditosas raparigas,
Mortas ao nascer dum sonho
E julgando imperecível
O amor doce e risonho,
Deploram, com amargura,
Num gemido comovente,
O olvido que suas campas
Foi cobrindo lentamente...
Os choros constrangedores
E o triste silvar do vento
Ressoam pelas florestas,
Num suspiro e num lamento!
À noite, pelas alturas,
Quando alua vai raiando,
Lá vão as almas penadas
Eternamente pairando...