Quando eu morrer
Não se vistam de negro
Que essa não é
Nem nunca foi
A cor
Da minha dor
Do luto meu.
Roxo, sim,
É cor de dor
Para mim.
Roxo de lírios macerados
Pisados, esmagados.
Roxo do Senhor dos Passos
Dos passos vagarosos,
Vacilantes, dolorosos,
A caminho do Calvário.
Roxo violáceo
De Cristo crucificado
A dizer, a afirmar
Que a dor e o sofrimento
Servem para nos salvar.
Também tenho a minha cruz
Uma via não-sacra a percorrer.
E nos passos que vou dando
De mim própria vai ficando
Um pouco da minha carne
Um pouco do meu sangue
E os espinhos da dor
Com dor se vão cravando
Em todo o meu ser.