Do pastor que sirvo,
É tal o jornal,
Que o trigo lhe peço,
Centeio me traz.
Bem haja a Clemência,
Que é tão liberal,
Que se um pão lhe peço,
A um Deus me dá.
Amo uma pastora
Tão desnatural
Que rosas lhe peço
E espinhos me dá.
Bem haja a Clemência
Que é tão liberal
Que flores lhe peço
E amores me dá.
Guardo umas ovelhas,
E é o gado tal,
Que venho em tosquia,
Quando vou por lã.
Bem haja a Clemência,
Que é tão liberal,
Que xerga lhe peço
E ouro me dá.
Um enxame tenho,
E as abelhas tais,
Que lhe peço mel,
E trago azibar.
Bem haja a Clemência,
Que é tão liberal,
Que açúcar lhe peço,
E néctar me dá.
Cultivo uma vinha
De tão natural,
Que em Setembro estamos,
E em agraço está.
Bem haja a Clemência,
Que é tão liberal,
Que vinho lhe peço,
E adega me dá.