Que lamentos de dor o nosso peito encerra,
E que funda amargura às vezes escondida
Sob o véu dum sorrir, que logo se descerra
Ao encarar a vida!
Quanta tristeza oculta há na melancolia
Duma ilusão perdida, e quantas decepções
Sepultam num instante a rúbida alegria
Em nossos corações!
Mas por que não vencer o duro sofrimento
Olhando a Mãe de Deus, que já sofreu também?
Por que não procurar algum contentamento
Na prática do Bem?
Se o grande mar da Dor a alma nos inunda
E o desalento apaga o nosso triste olhar,
Só a Resignação, sincera e bem profunda,
Nos poderá salvar.
Procuremo no Bem um bálsamo infinito,
Na Santa Caridade a nossa redenção,
Transformando, a sorrir, a terra de granito
Em vasto coração...
Curvemos pois a fronte ao peso da amargura,
Para a erguer por fim, mais alto do que nunca,
Através desta terra empobrecida e escura,
Que o nosso pranto junca!
Vai-me lembrando agora uma Rainha Santa,
A quem Deus permitiu que suas mãos bondosas
Pudessem transformar, por milagre que encanta,
O oiro em lindas rosas!...
Transformemos também, pelo Amor Divino,
O nosso sofrimento em rosas perfumadas,
Que à luz da Caridade, em sonho peregrino,
Sejam abençoadas!