Moirinhas Encantadas

Eis a terra da Moirama

A terra do Alcorão...

Como é belo o panorama,

Como é doce a viração!

 

Neste formoso país

Que o sol ardente alumia,

Contemplo as moiras gentis,

De eterno sonho e magia...

 

Vejo-as entrar nas mesquitas...

Ai! pobres moiras, coitadas!

Que é das lendas tão bonitas

Das moirinhas encantadas?!...

 

Que é dessas lendas mimosas

Da minha terra distante?

Pobres moiras, desditoss,

Como é triste o seu semblante!

 

Como é triste aquele olhar,

Pela inveja torturado,

Vendo a avezinha voar

No céu azul de brocado!

 

Pobres moiras! Dum senhor,

Escravas de eterna cruz,

São estrelas sem fulgor,

Chorando a perdida luz.

 

Pela noite vão, sozinhas,

A gemer, nos descampados,

Recordando as avozinhas

Dos belos tempos passados...

 

Avós ternas e formosas,

Decantadas aos serões

Nessas lendas graciosas,

De adoráveis tradições.

 

Pobres moiras! Volvidas

À triste realidade,

Vendo as ilusões perdidas

Ao fulgir duma saudade,

 

Em lenta e funda agonia

Vão sentindo, desoladas,

Toda a pungente ironia

Das moirinhas encantadas...