Temendo de Castela o forte vendaval
Diziam-no perdido, ao velho Portugal;
Mas a tempo surgiu do nobre Condestável
A figura do herói, altiva, inolvidável!
- Num peito varonil, que do perigo zomba,
Um terno coração, um coração de pomba! -
A esp'rança renascera - há muito já perdida -
E a hoste portuguesa, audaz, entrou na lida,
Mais uma vez mostrando à gente castelhana
O que pode o vigor da Raça Lusitana!
Nun'Álvares lutava; o excelso amor divino
Incutia valor ao nobre paladino!
A seu lado, na lide, os jovens "Namorados"
Combatiam também, de amor iluminados.
O Santo olhava o Céu; os fidalgos gentis
Viam resplandecer os sonhos juvenis!
Mas desse amor diverso o mesmo ardor nascia,
E a hoste portuguesa ou morria ou vencia!
Deus escutou a prece enternecida e ardente
Do Condestável Santo; o sonho refulgente
Da juventude heróica abençoou também...
Em luta desigual - pela morte o desdém
E na vitória a fé - a hoste portuguesa
Sustentou nobremente a mais louca defesa;
Num combate sem trégua, empobrecida e rota,
Por milagre de amor ganhou Aljubarrota!