Ó Deus, por que nasci assim tão feia
que minha mãe, ao ver-me, empalidece?
Por que é que toda a gente me escarnece
e do meu pobre ser não se amerceia?
Eu sou um miserável grão de areia
que sob a multidão desaparece.
O sol foge de mim e não me aquece...
Ó Deus, por que nasci assim tão feia?
Não sei o que é a paz, o riso, a vida,
não sei o que é amar e ser querida,
nem mesmo sei o que é a mocidade.
Se sai de Vossas mãos tanta beleza
e a repartis por todos com justeza,
ó Deus, por que me destes fealdade?