Nas ruas estreitas, pequenas, sombrias,
Exalando cheiros a detergente e sabão
Onde os dias são noites e as noites são dias
Tal a miséria, fome e solidão.
Mulheres trabalhando incessantemente
Nas varandas há farrapos a secar,
Se chove lá fora penetra docemente
A chuva lá dentro para tudo alagar.
Idosos, viúvas, a falar e a rir,
Homens que saem para passear,
Mendigos despertos parecem dormir
E dormem sonhando à luz do luar.
Ébrios cantando a cambalear,
Crianças descalças, rotas e nuas
Chorando de fome parecem cantar
E cantam chorando sentadas nas ruas.
E nas ruas estreitas, pequenas, sombrias,
Exalando cheiros a comida e sabão
Onde os dias são noites e as noites são dias
Continua a miséria, fome e solidão...