Tem o narciso tanta gentileza,
Que na fonte o rendeu sua beleza,
E hoje, porque o conte,
Há narciso do espelho, e não da fonte,
Homem, que sem conselho,
Como dama te alindas ao espelho,
Olha bem que só toca neste espaço
O cristal à mulher, a ti o aço,
Abraça o que te é próprio,
Que ser homem, e flor está impróprio,
Se és belo procede de tal arte,
Que quem te vê Narciso, te olhe Marte.