Sozinha num quimérico castelo
sonho que sou Desdémona formosa,
e em abandono espero desejosa
o meu ardente e poderoso Otelo.
Chama por suas mãos o meu cabelo;
e a minha pele, alvíssima e sedosa,
feita de leite e pétalas de rosa,
quer que ele a veja e anseia também vê-lo.
Mas eis que rasga as trevas o rei moiro
e crava em meu pescoço os dedos de oiro
em fúria ciumenta e infundada.
Morro feliz... e o sonho acaba assim.
Por que não hás-de tu gostar de mim
como Otelo gostou da sua amada?