Deito-me, na vertigem do momento,
nos espaços rubros de vazio,
daqueles pôres-de-sol que deixo para amanhã,
dos crepúsculos do mais profundo isolamento,
e a dor da chama é tal tormento que alivio a sede
com gritos que acordam a noite como se sob a chuva
de uma música gemida, rasgada em pranto.
Sinto-me prisioneira de um caminho que se tornou estrada
de escuridão, onde tento não me perder.
Vagueio na incerteza do meu canto, onde a desordem
não reeccontra a aura daquela alma de pássaro
que liberto contemplava o renascer incandescente
de cada madrugada, que no seu calor vai matando
as orvalhadas do silêncio, acorrentada
pelo medo de um futuro sem esperança,
perdida numa vontade imensa de me perder.