Soror Violante do Céu

Décimas

Coração, basta o sofrido, Ponhamos termo ao cuidado, Que um esprezo averiguado Não é para repetido: Basta o que havemos sentido, Não demos mais ao tormento, Que passa de sofrimento, Dar por um desdém tirano Toda a alma ao desengano, Toda a vida ao sentimento.   Fujamos deste...

Soneto I

Amor, se uma mudança imaginada É já com tal rigor minha homicida Que será se passar de ser temida A ser, como temida, averiguada?   Se só por ser de mim tão receada, Com dura execução me tira a vida, Que fará se chegar a ser sabida? Que fará se passar de suspeitada?   Porém se já me mata,...

Soneto II

Que suspensão, que enleio, que cuidado É este meu, tirano deus Cupido? Pois tirando-me enfim todo o sentido Me deixa o sentimento duplicado.   Absorta no rigor de um duro fado, Tanto de meus sentidos me divido, Que tenho só de vida o bem sentido E tenho já de morte o mal...

Soneto III

Vida que não acaba de acabar-se, Chegando já de vós a despedir-se, Ou deixa por sentida de sentir-se, Ou pode de imortal acreditar-se.   Vida que já não chega a terminar-se, Pois chega já de vós a dividir-se. Ou procura vivendo consumir-se, Ou pretende matando eternizar-se.   O certo é,...
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